segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

O Rituale Romanum - Exorcismo

Ritual Romano (Rituale Romanum) é um livro litúrgico escrito em 1614 durante o papado do Papa Paulo V, que contém todos os rituais normalmente administrados por um padre. O livro trata de todos os rituais, batismo, eucaristia, casamento. O Exorcismo é tratado no capítulo 13, e apresenta uma visão que na época era inovadora, pois instruía os padres a verificar se era realmente um caso de possessão ou alguma doença mundana. Porém a ciência médica ainda era medieval e doenças físicas e mentais ainda eram consideradas como possessões como, por exemplo, as hoje diagnosticáveis: esquizofrenia, paranóia, distúrbio de múltipla personalidade, disfunções sexuais, histeria, e outras neuroses resultantes de obsessões e terrores da infância. Além do exorcismo de demônios e espíritos, esse manual também contém instruções para o exorcismo de casas e outros lugares que se acredita estarem infestados por entidades malignas. O manual permaneceu inalterado até 1952, quando duas pequenas alterações no texto do ritual do exorcismo foram feitas.

O Rituale Romanum alertava os padres contra realizar os ritos de exorcismo em indivíduos que não estejam realmente possuídos. Mas com o avanço da ciência médica que podia diagnosticar com maior precisão doenças tanto físicas quanto mentais, os casos de possessão real – demoníaca (extremamente rara) e espiritual (comum) – tornaram-se muito mais difíceis de determinar. Muito do que se acreditava ser possessão demoníaca agora é diagnosticado como sendo esquizofrenia, paranóia, distúrbio de múltipla personalidade, disfunções sexuais, histeria, e outras neuroses resultantes de obsessões e terrores da infância. Desde sua publicação inicial no século XVII, o manual permaneceu inalterado até 1952, quando duas pequenas alterações no texto do ritual do exorcismo foram feitas.

Essas revisões mudaram, por exemplo, o texto em uma linha que dizia "sintomas de possessão são sinais da presença do demônio" para "sintomas de possessão podem ser sinal de demônio". Em outra sentença original, referia à pessoas sofrendo de condições além da possessão demoníaca ou espiritual como "aqueles que sofrem de melancolia ou outras enfermidades", e foi modificada para "aqueles que sofrem de enfermidades, particularmente enfermidades mentais". Essas modificações refletem claramente algumas das mudanças dramáticas pelas quais passou a Igreja Católica Romana, assim como passou o pensamento de muitos cristãos contemporâneos, que acreditam que possessões demoníacas e exorcismo são poucos mais que besteiras supersticiosas da Idade das Trevas. Elas também nos fazem pensar, então, quantas centenas ou talvez quantos milhares de homens, mulheres e crianças que sofriam de doenças mentais foram submetidos desnecessariamente a rituais de exorcismo no passado.

Ainda há alguns padres, em números cada vez menores, que continuam a acreditar na existência de possessão demoníaca e enumeram sinais que indicam sua presença. De acordo com esses membros do clero, se um indivíduo demonstra habilidades paranormais, manifesta força física sobre-humana e, principalmente, fala línguas que não tem conhecimento, então ele pode ser um candidato para o ritual de exorcismo. A Igreja pode considerar esse indivíduo possuído quando os sintomas citados anteriormente são acompanhados de repulsa extrema por objetos sagrados. Um padre treinado na expulsão de demônios e espíritos malignos é então convocado e, somente após receber permissão de um bispo, pode realizar o centenário ritual do exorcismo.

O Ritual
Exorcistas raramente ou nunca trabalham sozinhos. Normalmente são auxiliadas por, no mínimo, três outras pessoas. Uma delas é geralmente um padre mais jovem e menos experiente que está ou esteve sob treinamento para realização de exorcismos. Seu papel central é continuar o exorcismo e assumir o ritual, caso o exorcista fique muito fraco para continuar ou se ele morrer. A segunda pessoa que serve de assistente para o exorcista é, na maioria dos casos, um médico cuja responsabilidade é administrar qualquer medicação ou tratamento que a vítima da possessão precise, pois sob nenhuma circunstância o exorcista pode fazer isso. A terceira pessoa é tradicionalmente um homem parente da pessoa possuída – normalmente o pai, irmão ou marido. Em alguns casos pode ser um amigo de confiança da família. Mas, em qualquer caso, é imperativo que esteja em boas condições de saúde e seja forte – tanto física como mentalmente. Se a pessoa possuída é uma mulher, muitos exorcistas providenciam que outra mulher esteja presente durante o ritual para evitar escândalos.

Antes de realizar o ritual do exorcismo, é costumeiro que o padre faça uma boa confissão e seja absolvido de todos os seus pecados para o caso de o espírito ou demônio que ele enfrentará tente usá-los contra ele durante o ritual. Ele então veste os trajes necessários para os padres exorcistas (um sobrepeliz e um sudário púrpura) e inicia o ritual. Durante o exorcismo, certas orações prescritas, tais como o Pater Noster (o Pai-Nosso), as Litanias dos Santos e o Salmo 54, são recitadas sobre o individuo possuído, freqüentemente em latim, uma vez que se acredita que as orações são mais eficientes quando recitadas nessa antiga língua. Ao longo dessas recitações, o exorcista tradicionalmente faz o sinal-da-cruz, lê as escrituras e, às vezes, coloca suas mãos sobre a vítima. Ele também exige que o espírito maligno ou demônio que possuiu a pessoa revele seu nome e natureza, sucumba ao Filho de Deus e deixe sua vítima humana em paz. Quando o espírito maligno ou demônio finalmente parte, o exorcista reza a Jesus Cristo e pede que ele conceda sua divina ajuda e proteção à pessoa, que normalmente não retém memórias claras de sua possessão demoníaca ou do exorcismo. Se, todavia, o ritual de exorcismo não é bem-sucedido em expulsar o espírito maligno ou demônio de sua vítima, ele é então realizado repetidamente até que a entidade deixe o local. Isso pode levar horas, dias ou até mais tempo.

O Exorcismo (latim)
Exorcizamus te,
omnis immundus spiritus,
omnis satanica potestas,
omnis incursio infernalis adversarii,
omnis legio, omnis congregatio et secta diabolica,
in nomine et virtute Domini Nostri Jesu + Christi,
eradicare et effugare a Dei Ecclesia,
ab animabus ad imaginem Dei conditis ac pretioso divini Agni sanguine redemptis +.
Non ultra audeas, serpens callidissime, decipere humanum genus,
Dei Ecclesiam persequi, ac Dei electos excutere et cribrare sicut triticum +.
Imperat tibi Deus altissimus +,
cui in magna tua superbia te similem haberi adhuc præsumis;
qui omnes homines vult salvos fieri et ad agnitionem veritaris venire.
Imperat tibi Deus Pater +;
imperat tibi Deus Filius +;
imperat tibi Deus Spiritus Sanctus +.
Imperat tibi majestas Christi, æternum Dei Verbum, caro factum +,
qui pro salute generis nostri tua invidia perditi,
humiliavit semetipsum facfus hobediens usque ad mortem;
qui Ecclesiam suam ædificavit supra firmam petram,
et portas inferi adversus eam nunquam esse prævalituras edixit,
cum ea ipse permansurus omnibus diebus usque ad consummationem sæculi.
Imperat tibi sacramentum Crucis +,
omniumque christianæ fidei Mysteriorum virtus +.
Imperat tibi excelsa Dei Genitrix Virgo Maria +,
quæ superbissimum caput tuum a primo instanti immaculatæ suæ conceptionis in sua humilitate contrivit.
Imperat tibi fides sanctorum Apostolorum Petri et Pauli,
et ceterorum Apostolorum +.
Imperat tibi Martyrum sanguis,
ac pia Sanctorum et Sanctarum omnium intercessio +.


Ergo, draco maledicte et omnis legio diabolica,
adjuramus te per Deum + vivum, per Deum + verum,
per Deum + sanctum, per Deum qui sic dilexit mundum,
ut Filium suum unigenitum daret, ut omnes qui credit in eum non pereat,
sed habeat vitam æternam: cessa decipere humanas creaturas,
eisque æternæ perditionìs venenum propinare: desine Ecclesiæ nocere,
et ejus libertati laqueos injicere.
Vade, satana, inventor et magister omnis fallaciæ,
hostis humanæ salutis.
Da locum Christo, in quo nihil invenisti de operibus tuis;
da locum Ecclesiæ uni, sanctæ, catholicæ, et apostolicæ,
quam Christus ipse acquisivit sanguine suo.
Humiliare sub potenti manu Dei; contremisce et effuge,
invocato a nobis sancto et terribili nomine Jesu, quem inferi tremunt,
cui Virtutes cælorum et Potestates et Dominationes subjectæ sunt;
quem Cherubim et Seraphim indefessis vocibus laudant, dicentes:
Sanctus, Sanctus, Sanctus Dominus Deus Sabaoth.


V. Domine, exaudi orationem meam.

R. Et clamor meus ad te veniat.

[si fuerit saltem diaconus subjungat V. Dominus vobiscum.

R. Et cum spiritu tuo.]

Oremus.

Deus coeli, Deus terræ, Deus Angelorum, Deus Archangelorum,
Deus Patriarcharum, Deus Prophetarum, Deus Apostolorum,
Deus Martyrum, Deus Confessorum, Deus Virginum,
Deus qui potestatem habes donare vitam post mortem,
requiem post laborem;
quia non est Deus præter te,
nec esse potest nisi tu creator omnium visibilium et invisibilium,
cujus regni non erit finis: humiIiter majestati gloriæ tuæ supplicamus,
ut ab omni infernalium spirituum potestate, laqueo,
deceptione et nequitia nos potenter liberare,
et incolumes custodire digneris.
Per Christum Dominum nostrum. Amen.


Ab insidiis diaboli, libera nos, Domine.

Ut Ecclesiam tuam secura tibi facias libertate servire, te rogamus, audi nos.

Ut inimicos sanctæ Ecclesiæ humiliare digneris, te rogamus audi nos.

Et aspergatur locus aqua benedicta


Segue link para baixar a versão em latim.
Rituale Romanum (Latim)

Exorcismo em Supernatural

Trata-se de um ritual, retirado do RITUALE ROMANUM, um livro publicado originalmente no século XVII pelo Papa Paulo V. Se conservou quase que intacto depois de duas revisões que lhe foram atribuídas em 1952. O Ritual Romano é o único exorcismo formal permitido pela Igreja Católica Romana.

Então vamos tirar os demonios do blog.

Regna terrae, cantate deo, psallite dominio
Tribuite virtutem deo.
Exorcizamus te,
omnis immundus spiritus,
omnis satanica potestas,
omnis incursio infernalis adversarii,
omnis legio,
omnis congredatio et secta diabolica.
Ergo...
Perditionis venenum propinare.
Vade, satana, inventor et magister omnis fallaciae.
Hostis humanae salutis.
Humiliare sub potenti manu dei.
Contremisce et effuge.
Invocato a nobis sancto et terribile nomine.
Quem inferi tremunt...
Ab insidis diaboli, libera nos, domine.
Ut ecclesiam tuam secura tibi facias,
libertate servire, te rogamus, audi nos.
Ut inimicos sanctae ecclesiae humiliare digneris,
to rogamus audi.
Dominicos sanctae ecclesiae, terogamus audi nos,
terribilis deus do sanctuario suo deus israhel.
Ipse tribuite virtutem et fortitudinem plebi suae,
benedictus deus, gloria patri...


TRADUÇÃO

Reinos da Terra, cantai a Deus, salmodiai ao Senhor
Reconhecei o poder de Deus.
Te exorcizamos,
todo espírito imundo,
todo poder satânico,
toda investida do adversário infernal,
toda legião,
toda congregação e seita diabólica.
Desse modo...
Brindai o veneno da perdição.
Afasta-te, Satanás, inventor e mestre de toda mentira.
Inimigo da sanidade humana.
Humilhai-vos sob a poderosa mão de Deus.
Estremecei e fugi.
Quando invocado por nós o santo e terrível nome,
Diante de quem os infernos tremem...
Livra-nos, Senhor, das armadilhas do diabo,
Para que faças segura para ti a tua igreja,
servir na liberdade, te pedimos, ouve-nos.
Para que digneis humilhar os inimigos da Santa Igreja,
te pedimos, ouve-nos.
Os servos da Santa Igreja, te pedimos, ouve-nos,
Deus terrível, do teu santuário, Deus de Israel.
Ele atribuirá força e poder ao seu povo,
Deus bendito, glória ao Pai...

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Sucubos e Incubos

Ambos os nomes, Incubus e Sucubus, têm origem latina. Incubus vem do verbo incubare que significa "deitar-se sobre" e Sucubus vem do verbo succubare que significa "deitar-se em baixo de". Assim sendo, Incubus são demonios machos que visitam mulheres mortais e têm sexo com elas, enquanto Sucubus são a versão feminina e atacam homens.

São criaturas descritas desde a Antiguidade Clássica, mas que tiveram seu apogeu de acordo com relatos na Idade Média. Os Incubos são demônios, ou espíritos que residem no baixo astral, que tomam a forma masculina, assim podem manter relações sexuais com as mulheres. Os Sucubos, são demônios que assumem a forma feminina, desta forma mantém relações sexuais com os homens.

Existem muitas lendas que relatam acontecimentos ou encontros com estes demônios, cada um influenciado pela sua cultura e contexto socio-político. Na era medieval acreditava-se que esta terrível criatura sugava a força vital da vítima, o que naqueles tempos representava a alma. Portanto pensava-se que os Sucubus e Incubus roubavam almas. Mas com o passar dos séculos os habitos destes seres mudaram muito drasticamente. Começaram a assediar e a consumar atos sexuais, sendo considerado um pecado contra Deus. Estas lendas medievais provavelmente devem vir do antigo mito grego de Empusae, que eram demônios e filhas do obscuro deus Hecate. Podiam transformar-se em cadelas, vacas ou belas donzelas e deitavam-se com os homens de noite, sugando a sua forca vital até á morte.

Tambem existe outra versão que afirma que estes demônios provêm de um demônio chamado Lilith. Segundo antigas lendas Hebraicas, Lilith foi a primeira mulher de Adão. Foi feita apartir do mesmo barro que Adão antes da criação de Eva. Ela deixou Adão porque durante o ato sexual, ele deitava-se sempre por cima dela e como ela achava-se igual a ele, o ato devia se consumado com ambos deitados de lado. Após não ter o que queria, Lilith decidiu deixar o Eden e foi em direção o Mar Vermelho, para onde iam os demônios. Então, Deus enviou três anjos para trazê-la de volta. Lilith se negou a voltar ao Eden e em consequência do seu ato ela foi amaldiçoada. Começou a copular com anjos caídos e teve diversos filhos demônios que seduziam os fracos mortais no silêncio da noite.

Estes seres são estudados e combatidos desde a antiguidade. Com o passar dos séculos e, devido a grandes ocultistas, magos, padres e freis, santos, dentre outros, foram feitos vários estudos sobre eles, suas influências, o que causam aos seres humanos, como agem, e várias outras coisas, mas principalmente como combaté-los.

As pessoas relatavam que eram visitadas durante a madrugada por essas criaturas que as seduziam durante o sono. Os relatos nunca falavam do momento da chegada desses demônios porque as pessoas só se davam conta de sua presença quando o ato sexual já estava em andamento. O singular é Incubo e Sucubo.

A informação que se tem é que esses demônios se apresentavam inicialmente em forma humana, geralmente muito atraente ao padrão de beleza da época, e com isso aparentemente até obtinham a conivência da vítima. Ocorre que, ainda segundo os relatos, quando chegava o momento de ir embora, era comum que essas criaturas naquele instante assumissem as suas formas reais, sempre apavorantes e realmente demoníacas.

Apresento aqui duas representações que retratam, segundo as descrições, o que seriam esses demônios de acordo com o relato das vítimas.

Ao lado, o Incubo, um demônio masculino, está com uma mulher que aparentemente ainda não se apercebeu de sua presença.

Os relatos mais antigos provêm da mitologia grega, quando Zeus seduz Leda transmutado em Cisne. Existem tambem inumeros mitos celticos que nos falam de fadas do amor. Por exemplo, na Escocia existe uma lenda que conta que outrora existiam criaturas aladas que visitavam frequentemente jovens adolescentes em forma de Sucubus, belas donzelas ou prostitutas. Estas criaturas eram chamadas de Leannain Sith.

Tambem podemos encontrar visitas de Incubos na religião católica. Esta afirma que Cristo nasceu da Virgem Maria e do anjo que a visitou (o que é interpretando como uma visita de um Incubo). Tambem no livro de Enoch existem relatos que afirmam que os anjos chamados de Vigilantes copularam com mulheres e deram a origem a gigantes.

Na figura ao lado, um Sucubo consuma sua relação sexual com um homem.

Antigas lendas inglesas falam-nos de uma criatura chamada Lamia. Aparecia nos cemiterios como uma bela donzela e atraia jovens incautos para a sua morte. Diz a lenda que se alguem visse uma bela donzela num cemiterio deveria chamar por ela, pois as Lamias não podem falar porque têm língua bífida, como as cobras.

Muitos historiadores afirmam que os Incubos são anjos caídos em que o seu único proposito é ter filhos mortais. Estes demônios não tinham corpos e para atacarem tinham ou de animar um cadaver ou manipular um pedaço de carne humana e fazer dele o seu corpo. Tambem é referido noutras lendas que estes demônios podiam assumir a aparência de pessoas que a vitima conhecia bem, como o marido ou um vizinho.

O teologo Sinistrari, autor do livro COMPENDIUM MALIFICARUM afirmava existirem dois tipos de pessoas que eram regularmente visitadas por estes seres. Ou eram feitiçeiras que conscientemente faziam pactos com demônios ou eram pessoas pobres e simples que eram atacadas.

Santo Agostinho, livro 15 Cap. 23 em DE CIVITATE DEI, diz:

"É um fato de domínio público e que muitos afirmam have-lo experimentado ou escutado pessoas autorizadas que tenham experiência disso, que os Silvanos e os Faunos, vulgarmente chamados de Incubos, tem atormentado com frequência às mulheres e saciado suas paixões. Além disto são tantos e de tal peso os que afirmam que certos demônios chamados pelos Gauleses, Dusios, intentaram e executaram essa animalidade que, negá-lo parece imprudência."

Alguns ocultistas, hermetistas, magos, estudiosos nestes assuntos, informam-nos que os Incubos e Sucubos são gerados por formas pensamentos, que estão correlacionadas com a luxúria e a necessidade de satisfazer apetites animalescos, em âmbito sexual. Que estes pensamentos energéticos, distoam, em muito do amor verdadeiro que existe entre um homem e uma mulher. Estas formas pensamentos são geradas pela vontade de satisfazer as necessidades sexuais bizarras, apetites eróticos de uma mente desequilibrada.

Paracelso afirma que a roupa suja com sémem e estendida ao sol, cria certas larvas (energéticas), ou espíritos lascivos que não só se alimentam deste fluído vital desprendido do próprio sémem, mas ainda tentam à pessoa por meio de sonhos eróticos ou de outra forma qualquer, para que nova expulsão de sémem se produza. Se compreendermos que os Incubos e Sucubos são formas mentais e, não são realmente espíritos, mas sim, demônios criados por nossas mentes, podemos entender que estes seres são mais temíveis e mais perigosos que os espíritos maléficos, pois, objetos sagrados, orações, exorcismos em nada adiantam para eles, pois não temem Deus, muito menos as coisas que Dele provém.

O padre Sinistrari d'Ameno em DE DOEMONIALITATE, refere-se aos Incubos e Sucubos, dizendo:

"Para afastar o Espírito Malígno, para faze-lo tremer e rugir, é suficiente, como diz Guaccius, o Nome de Jesus ou de Maria, o signo da Cruz, a aproximação de santas relíquias ou de objetos bentos..., ao sinal da Cruz, formado por um dos assistentes e pronunciando simplesmente o Nome de Jesus, faz Diabos e Bruxas desaparecerem conjuntamente."

"Os Incubos, ao contrário, submetidos a essas provas, não fogem de modo algum nem manifestam o mínimo susto ou pavor; às vezes é mesmo uma chacota ou escarneo que recebem os exorcistas; há também alguns que, além de mofarem do exorcismo, ainda dão uma sova no Exorcista ta e rasgam-lhe as vestes sagradas..."

"... enquanto que os Incubos não manifestam nenhum medo das coisas sagradas, provocam e induzem ao pecado, é claro que esses Incubos não são nem maus Demônios nem bons Anjos; é claro, também, que não são criaturas humanas, embora sejam dotados de razão. Que serão estes espíritos?"

Bem, chegamos a uma questão: como se livrar dos Incubos e dos Sucubos? Se eles não são demônios ou espíritos maléficos, em nada adiantaría o exorcismo. Se não são humanos, não adiantaría, por sua vez, em nada os julgamentos e as leis dos homens.

Ora, vejamos o que escreve o padre Sinistrari acerca de como evitá-los ou, pelo menos, quais caminhos deveremos seguir:

"Guaccius, Comp. Malef., diz: "... inconfirmado pelos conhecimentos que temos de muitas ervas, pedras e substâncias animais que tem a virtude de expulsar ou afugentar os demônios, Incubos e Sucubos, como a arruda, o hipericão, a verbena, a calaminta, a mamona, a cent urea, o diamante, o coral, o azeviche, o jaspe, a pele da cabeça de um lobo ou de um asno, os mestruos das mulheres dentre centenas de outras coisas...""

Frei Zacharias Vicecomes em seu livro COMPLEMENTUM ARTIS EXORCISTICAE, editado em Veneza no ano de 1600, diz-nos algumas coisas para afugentar estes seres:

"A pedra Azeviche, encontrada no rio da Sicília, levada com a pessoa, destrói os malefícios, fantasmas e perseguições noturnas de demônios Incubos e Sucubos..."

Este assunto pode parecer meio fantástico, ainda mais com toda a evolução científica e tecnológica... Todavia, devo ressaltar que tanto os Incubos quanto os Sucubos existem. Já cuidei de pessoas que foram "atacadas" por estes tipos de seres. Estes seres não são de fácil compreensão, muito menos, tão fácil é livrar-nos deles, pois, os Incubos e os Sucubos podem ter sua origem em vários sentidos...

Expus o assunto a título de conhecimento para vocês, sem me aprofundar demasiadamente sobre eles.

Um fato curioso que não poderia deixar de expor aqui é que, além de originarem-se de formas-pensamentos, existem várias outras origens. Alguns casos que vivenciei, os seres que falamos até agora eram, na verdade, espíritos desencarnados de maridos ou esposas que retornaram às suas práticas sexuais, com os que aqui na terra deixaram. Eles também podem pertencer a uma classe mutante dos elementais, quer sejam os gnomos, sílfos, etc.

Em suma, este assunto, sobre os Incubos e Sucubos, é extremamente extenso e complexo. Espero que pelo menos eu tenha exposto a título de conhecimentos gerais, para vocês. Os Incubos e Sucubos tentam as pessoas e sugam-lhes as energias, até o ponto de convalescência. Eles são extremamente perigosos. Mas, particularmente, eu tenho outra interpretação para este mito medieval.

Eu considero o fato de que se tratava de uma sociedade autoritária, moralista e de um temor religioso exagerado. Mas a libido do ser humano tinha de ter vazão de algum modo, mas o sexo era visto como algo pecaminoso.

Durante o sono as pessoas acabavam tendo as chamadas poluções noturnas, e as mulheres tinham seus orgasmos e os homens tinham ejaculações. Mas vinha-lhes à mente as ameaças da Igreja, que sempre lhes lembrava a respeito do lago de fogo e enxofre que estaria esperando os "fornicadores"; e essas pessoas se sentiam acuadas por que havia a obrigação de "confessar os pecados" e então esses atos sexuais, na verdade uma reação orgânica normal, passou a ser atribuído a demônios fornicadores que "obrigavam" essas pessoas a manter relações com eles. Assim, a culpa não recaía sobre a pessoa e sim sobre um demônio. E como o problema era comum a quase todos, essas estórias se espalharam e então todos acabavam sendo "vítimas " desses demônios de vez em quando.

É apenas uma teoria minha, mas é muito mais lógica do que admitir-se que eram realmente demônios sexuais que atacavam camponeses. Para reforçar minha teoria, será interessante analisar o fato de que essas "ocorrências" eram comuns quase que exclusivamente entre camponeses, ou seja, só entre os vassalos, enquanto que os nobres pareciam não ter esse problema.

Isso tem uma explicação: os nobres em geral não tinham problemas de repressão sexual, na verdade eram bastante libertinos, e então não tinham uma libido que lhes ocasionasse ejaculações noturnas e orgasmos, já que para eles, pela facilidade da posição social, era comum a promiscuidade sexual, as orgias, etc. Mas o povo vivia sob as ameaças da Igreja e o medo lhes reprimia, e então sua libido aflorava naturalmente.

E o fato é que por muito tempo usou-se a desculpa do ataque dos Incubus para justificar qualquer gravidez indesejada e/ou extraconjugal. Qualquer aventura sexual que gerasse uma gravidez era logo atribuída a demônios fornicadores e foi assim até que a Igreja resolveu o "problema" simplesmente declarando que os Incubos e Sucubos haviam sido banidos dali em diante, e isso pôs fim á brincadeira daqueles que estavam adorando aventuras sexuais. Claro que conhecendo o ser humano como conhecemos é fácil deduzir que isso não abalou nem diminuiu as fornicações, mas só o que mudou é que agora tiveram de arranjar outros culpados e não mais os Incubos e Sucubos.