segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

O Rituale Romanum - Exorcismo

Ritual Romano (Rituale Romanum) é um livro litúrgico escrito em 1614 durante o papado do Papa Paulo V, que contém todos os rituais normalmente administrados por um padre. O livro trata de todos os rituais, batismo, eucaristia, casamento. O Exorcismo é tratado no capítulo 13, e apresenta uma visão que na época era inovadora, pois instruía os padres a verificar se era realmente um caso de possessão ou alguma doença mundana. Porém a ciência médica ainda era medieval e doenças físicas e mentais ainda eram consideradas como possessões como, por exemplo, as hoje diagnosticáveis: esquizofrenia, paranóia, distúrbio de múltipla personalidade, disfunções sexuais, histeria, e outras neuroses resultantes de obsessões e terrores da infância. Além do exorcismo de demônios e espíritos, esse manual também contém instruções para o exorcismo de casas e outros lugares que se acredita estarem infestados por entidades malignas. O manual permaneceu inalterado até 1952, quando duas pequenas alterações no texto do ritual do exorcismo foram feitas.

O Rituale Romanum alertava os padres contra realizar os ritos de exorcismo em indivíduos que não estejam realmente possuídos. Mas com o avanço da ciência médica que podia diagnosticar com maior precisão doenças tanto físicas quanto mentais, os casos de possessão real – demoníaca (extremamente rara) e espiritual (comum) – tornaram-se muito mais difíceis de determinar. Muito do que se acreditava ser possessão demoníaca agora é diagnosticado como sendo esquizofrenia, paranóia, distúrbio de múltipla personalidade, disfunções sexuais, histeria, e outras neuroses resultantes de obsessões e terrores da infância. Desde sua publicação inicial no século XVII, o manual permaneceu inalterado até 1952, quando duas pequenas alterações no texto do ritual do exorcismo foram feitas.

Essas revisões mudaram, por exemplo, o texto em uma linha que dizia "sintomas de possessão são sinais da presença do demônio" para "sintomas de possessão podem ser sinal de demônio". Em outra sentença original, referia à pessoas sofrendo de condições além da possessão demoníaca ou espiritual como "aqueles que sofrem de melancolia ou outras enfermidades", e foi modificada para "aqueles que sofrem de enfermidades, particularmente enfermidades mentais". Essas modificações refletem claramente algumas das mudanças dramáticas pelas quais passou a Igreja Católica Romana, assim como passou o pensamento de muitos cristãos contemporâneos, que acreditam que possessões demoníacas e exorcismo são poucos mais que besteiras supersticiosas da Idade das Trevas. Elas também nos fazem pensar, então, quantas centenas ou talvez quantos milhares de homens, mulheres e crianças que sofriam de doenças mentais foram submetidos desnecessariamente a rituais de exorcismo no passado.

Ainda há alguns padres, em números cada vez menores, que continuam a acreditar na existência de possessão demoníaca e enumeram sinais que indicam sua presença. De acordo com esses membros do clero, se um indivíduo demonstra habilidades paranormais, manifesta força física sobre-humana e, principalmente, fala línguas que não tem conhecimento, então ele pode ser um candidato para o ritual de exorcismo. A Igreja pode considerar esse indivíduo possuído quando os sintomas citados anteriormente são acompanhados de repulsa extrema por objetos sagrados. Um padre treinado na expulsão de demônios e espíritos malignos é então convocado e, somente após receber permissão de um bispo, pode realizar o centenário ritual do exorcismo.

O Ritual
Exorcistas raramente ou nunca trabalham sozinhos. Normalmente são auxiliadas por, no mínimo, três outras pessoas. Uma delas é geralmente um padre mais jovem e menos experiente que está ou esteve sob treinamento para realização de exorcismos. Seu papel central é continuar o exorcismo e assumir o ritual, caso o exorcista fique muito fraco para continuar ou se ele morrer. A segunda pessoa que serve de assistente para o exorcista é, na maioria dos casos, um médico cuja responsabilidade é administrar qualquer medicação ou tratamento que a vítima da possessão precise, pois sob nenhuma circunstância o exorcista pode fazer isso. A terceira pessoa é tradicionalmente um homem parente da pessoa possuída – normalmente o pai, irmão ou marido. Em alguns casos pode ser um amigo de confiança da família. Mas, em qualquer caso, é imperativo que esteja em boas condições de saúde e seja forte – tanto física como mentalmente. Se a pessoa possuída é uma mulher, muitos exorcistas providenciam que outra mulher esteja presente durante o ritual para evitar escândalos.

Antes de realizar o ritual do exorcismo, é costumeiro que o padre faça uma boa confissão e seja absolvido de todos os seus pecados para o caso de o espírito ou demônio que ele enfrentará tente usá-los contra ele durante o ritual. Ele então veste os trajes necessários para os padres exorcistas (um sobrepeliz e um sudário púrpura) e inicia o ritual. Durante o exorcismo, certas orações prescritas, tais como o Pater Noster (o Pai-Nosso), as Litanias dos Santos e o Salmo 54, são recitadas sobre o individuo possuído, freqüentemente em latim, uma vez que se acredita que as orações são mais eficientes quando recitadas nessa antiga língua. Ao longo dessas recitações, o exorcista tradicionalmente faz o sinal-da-cruz, lê as escrituras e, às vezes, coloca suas mãos sobre a vítima. Ele também exige que o espírito maligno ou demônio que possuiu a pessoa revele seu nome e natureza, sucumba ao Filho de Deus e deixe sua vítima humana em paz. Quando o espírito maligno ou demônio finalmente parte, o exorcista reza a Jesus Cristo e pede que ele conceda sua divina ajuda e proteção à pessoa, que normalmente não retém memórias claras de sua possessão demoníaca ou do exorcismo. Se, todavia, o ritual de exorcismo não é bem-sucedido em expulsar o espírito maligno ou demônio de sua vítima, ele é então realizado repetidamente até que a entidade deixe o local. Isso pode levar horas, dias ou até mais tempo.

O Exorcismo (latim)
Exorcizamus te,
omnis immundus spiritus,
omnis satanica potestas,
omnis incursio infernalis adversarii,
omnis legio, omnis congregatio et secta diabolica,
in nomine et virtute Domini Nostri Jesu + Christi,
eradicare et effugare a Dei Ecclesia,
ab animabus ad imaginem Dei conditis ac pretioso divini Agni sanguine redemptis +.
Non ultra audeas, serpens callidissime, decipere humanum genus,
Dei Ecclesiam persequi, ac Dei electos excutere et cribrare sicut triticum +.
Imperat tibi Deus altissimus +,
cui in magna tua superbia te similem haberi adhuc præsumis;
qui omnes homines vult salvos fieri et ad agnitionem veritaris venire.
Imperat tibi Deus Pater +;
imperat tibi Deus Filius +;
imperat tibi Deus Spiritus Sanctus +.
Imperat tibi majestas Christi, æternum Dei Verbum, caro factum +,
qui pro salute generis nostri tua invidia perditi,
humiliavit semetipsum facfus hobediens usque ad mortem;
qui Ecclesiam suam ædificavit supra firmam petram,
et portas inferi adversus eam nunquam esse prævalituras edixit,
cum ea ipse permansurus omnibus diebus usque ad consummationem sæculi.
Imperat tibi sacramentum Crucis +,
omniumque christianæ fidei Mysteriorum virtus +.
Imperat tibi excelsa Dei Genitrix Virgo Maria +,
quæ superbissimum caput tuum a primo instanti immaculatæ suæ conceptionis in sua humilitate contrivit.
Imperat tibi fides sanctorum Apostolorum Petri et Pauli,
et ceterorum Apostolorum +.
Imperat tibi Martyrum sanguis,
ac pia Sanctorum et Sanctarum omnium intercessio +.


Ergo, draco maledicte et omnis legio diabolica,
adjuramus te per Deum + vivum, per Deum + verum,
per Deum + sanctum, per Deum qui sic dilexit mundum,
ut Filium suum unigenitum daret, ut omnes qui credit in eum non pereat,
sed habeat vitam æternam: cessa decipere humanas creaturas,
eisque æternæ perditionìs venenum propinare: desine Ecclesiæ nocere,
et ejus libertati laqueos injicere.
Vade, satana, inventor et magister omnis fallaciæ,
hostis humanæ salutis.
Da locum Christo, in quo nihil invenisti de operibus tuis;
da locum Ecclesiæ uni, sanctæ, catholicæ, et apostolicæ,
quam Christus ipse acquisivit sanguine suo.
Humiliare sub potenti manu Dei; contremisce et effuge,
invocato a nobis sancto et terribili nomine Jesu, quem inferi tremunt,
cui Virtutes cælorum et Potestates et Dominationes subjectæ sunt;
quem Cherubim et Seraphim indefessis vocibus laudant, dicentes:
Sanctus, Sanctus, Sanctus Dominus Deus Sabaoth.


V. Domine, exaudi orationem meam.

R. Et clamor meus ad te veniat.

[si fuerit saltem diaconus subjungat V. Dominus vobiscum.

R. Et cum spiritu tuo.]

Oremus.

Deus coeli, Deus terræ, Deus Angelorum, Deus Archangelorum,
Deus Patriarcharum, Deus Prophetarum, Deus Apostolorum,
Deus Martyrum, Deus Confessorum, Deus Virginum,
Deus qui potestatem habes donare vitam post mortem,
requiem post laborem;
quia non est Deus præter te,
nec esse potest nisi tu creator omnium visibilium et invisibilium,
cujus regni non erit finis: humiIiter majestati gloriæ tuæ supplicamus,
ut ab omni infernalium spirituum potestate, laqueo,
deceptione et nequitia nos potenter liberare,
et incolumes custodire digneris.
Per Christum Dominum nostrum. Amen.


Ab insidiis diaboli, libera nos, Domine.

Ut Ecclesiam tuam secura tibi facias libertate servire, te rogamus, audi nos.

Ut inimicos sanctæ Ecclesiæ humiliare digneris, te rogamus audi nos.

Et aspergatur locus aqua benedicta


Segue link para baixar a versão em latim.
Rituale Romanum (Latim)

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